DealMaker Q&A

TTR interviews Darcy Teixeira Junior, M&A partner at TozziniFreire Advogados.

 

Darcy assists domestic and international clients from various industries through his work in the Corporate Law and M&A practice groups and the firm’s Agribusiness and Bioenergy/Ethanol industry groups. His current practice builds on the litigation experience he acquired early in his career, when he also represented companies in acquisitions, sales, mergers, associations, corporate restructurings, and the implementation of new facilities among other activities. The industry knowledge that Darcy developed in his work with agribusiness companies led him to be the partner responsible for that industry area.

 

TTR – Carrying out an M&A transaction involves many risks related to the strategy or the negotiations prerequisites, as well as confidentiality issues. We know that the technological innovations have allowed several levels of improvement in many sectors of activity. To what extent is current technology contributing to the success of an M&A deal?

DT – The market has been increasingly demanding more efficiency in M&A transactions. In this case, efficiency should be interpreted as expediting the conclusion of a transaction while incurring lower costs. When analyzing an M&A transaction, it can be divided into cycles (e.g. auditing, document drafting, negotiation, etc.), and the solution to reach efficiency is accelerating them. Technological advancements such as automation, artificial intelligence and machine learning can greatly contribute to the success of an operation.

TTR – What are the main challenges advisors are facing to adapt to an increasingly technological and competitive context?

DT – The challenges facing the legal market in adapting to this reality are the same faced by other industries. TozziniFreire has an innovation group that is constantly seeking technological tools to assist us reach these improvements. We are currently testing an artificial intelligence software that can analyze documents. It works perfectly well in English, but still needs improvement in Portuguese. When working adequately, it will facilitate the analysis of audit documents, for example.

We are working on the improvement of our audit process, and one of the solutions would be using tools to accelerate this cycle, which is considered one of the less efficient in any transaction. Of course all this must be reached without compromising the assessment of necessary information and an accurate risk analysis.

TTR –  Considering a more technological scenario in M&A deals, how are lawyers preparing in terms of training or specialization?

DT –  Lawyers beginning a legal career today already possess a natural ability with technology and innovation; some law schools have in fact included programming in their regular curriculum. At our firm, for example, we do have lawyers specializing in programming. They can handle technology matters and understand new concepts with ease, taking part in the teams that help us test and develop new tools. It is much easier for these lawyers, while working on technology-related M&A deals, to say which features are relevant and which are not. Besides, this new generation surely finds it more appealing to work in a firm such as ours, which has an innovation culture and is always looking for the best technological tools.

TTR –  Data management and data collection are essential to conducting analyzes in search of insights aiming to improve processes and services. What is the impact of the Brazilian General Data Protection Law (LGPD) impact in this scenario?

DT – First, we should consider that the LGPD provides for the protection of personal data. As the data collected during an audit are usually public, the law’s impact on this analysis should not be that great. Besides, although part of the collected information may be characterized as personal data, thus being protected by the new law, the use of such personal data as material for a due diligence may also be justifiable, as long as regarded as a legitimate use.

Regardless these issues, the new law will certainly affect M&A deals because it will increase the need of audits focusing on privacy. Nowadays, in many of our M&A projects, we already make the analysis of privacy policies, terms and conditions, and contracts involving data, but it is expected that the enactment of such a law will raise even more concern over this field.

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Entrevista com Darcy Teixeira Junior, sócio nas áreas  Societária e de Fusões & Aquisições do TozziniFreire Advogados.

Darcy atua nas áreas Societária e de Fusões & Aquisições, com foco em Agronegócios e Bioenergia, atendendo clientes nacionais e estrangeiros das mais diversas atividades econômicas. Na assessoria ao setor empresarial, agrega sua relevante experiência no contencioso, principalmente na representação de aquisições, vendas, fusões, associações, reestruturações societárias, implantação de novas instalações, entre outras atividades.

TTR – Levar a cabo uma transação de M&A envolve muitos riscos relacionados com a estratégia ou com as premissas consideradas na negociação, além de questões de confidencialidade. Sabemos que o avanço tecnológico tem permitido diversos níveis de melhoria em muitos setores de atividade. Até que ponto a tecnologia disponível atualmente é capaz de contribuir para o sucesso de uma transação de M&A?

D– O mercado tem demandado mais eficiência nas transações de M&A. Eficiência pode ser entendida como maior rapidez na conclusão das transações com menor custo. Ao visualizarmos uma transação de M&A, podemos dividi-la em ciclos (ex.: auditoria, elaboração dos documentos, negociação, etc.), e a solução para buscar eficiência é acelerá-los. Certamente os avanços tecnológicos, como automação, inteligência artificial e machine learning, podem contribuir muito com o sucesso de uma operação.

TTR – Do ponto de vista da assessoria jurídica, quais seriam os desafios enfrentados pelos escritórios para adaptar-se a um contexto cada vez mais tecnológico e competitivo?

Temos um grupo de inovação que busca constantemente ferramentas tecnológicas que nos ajudem a alcançar essas melhorias

D– Os desafios do mundo jurídico para se adaptar a esse contexto são os mesmos de outros setores. Em TozziniFreire temos um grupo de inovação que busca constantemente ferramentas tecnológicas que nos ajudem a alcançar essas melhorias. Dentre essas, estamos testando um software de inteligência artificial que poderá analisar documentos, que já funciona muito bem em inglês, mas ainda não perfeitamente em português. Quando estiver funcionando plenamente, poderá ajudar na análise de documentos de auditoria, por exemplo.

Estamos trabalhando na melhoria do processo de auditoria e a ideia é usar ferramentas que nos permitam acelerar esse ciclo, considerado um dos mais ineficientes em uma transação. Tudo isso, evidentemente, sem prejuízo de obter as informações necessárias e fazer as análises de riscos de forma acurada.

 TTR – Tendo em conta um cenário mais tecnológico na atuação dos escritórios em transações de M&A, haveria uma exigência extra de formação por parte dos advogados? Se sim, qual seria?

D– Os advogados que entram na carreira jurídica hoje trazem na sua bagagem uma habilidade natural no trato com a tecnologia e com as inovações; inclusive, em algumas faculdades de Direito, a disciplina programação já faz parte do currículo. Temos no nosso escritório, por exemplo, advogados com habilidades de programação. Esses profissionais têm facilidade de se envolver em assuntos de tecnologia e entender os novos conceitos, e fazem parte dos times que nos ajudam a testar ou desenvolver novas ferramentas. É muito mais fácil para esses advogados, ao trabalharem em operações de M&A que envolvem tecnologia, entender o que é ou não relevante. Além disso, para essa geração que cresceu programando, trabalhar em um escritório como o nosso, que possui uma cultura de inovação e procura as melhores ferramentas tecnológicas, certamente tem um atrativo a mais.

 TTR – Sabemos que a gestão da informação e a coleta de dados são matéria-prima para a realização de análises em busca de insights que visam a melhora contínua dos processos e serviços. Qual seria o impacto da aplicação da  Lei Geral de Proteção de Dados brasileira (LGPD) para a utilização desta matéria-prima? 

 D– Em primeiro lugar, considerando que a LGPD é voltada à proteção de dados pessoais e que os dados coletados em uma auditoria geralmente são públicos, o impacto não será relevante para essa análise em auditorias. Além disso, ainda que parte das informações coletadas possa se configurar como dados pessoais, protegidos pela nova lei, existe a possibilidade de justificar a sua utilização como matéria-prima de uma due diligence, assumindo-se que possa ser caracterizada como uso legítimo.

Independentemente desses pontos, a nova lei certamente terá um efeito nas operações de M&A na medida em que deve aumentar a necessidade de realizar auditoria voltada para privacidade. Hoje em dia, em muitos projetos de M&A já fazemos análise de políticas de privacidade, termos e condições e contratos que envolvem dados, mas a tendência é que a preocupação com essa área se intensifique ainda mais com a entrada em vigor da nova lei.

DealMaker Q&A

TTR Dealmaker Q&A with Melissa Kanô, Corporate Law and M&A partner at KLA – Koury Lopes Advogados

Melissa Kanô, KLA

TTR – How would you describe the performance of the Brazilian M&A market so far in 2018?

MK: Although one could say that in a year with World Cup and presidential elections the M&A market could be affected, we saw that, due to the Brazilian economy recovery (even though affected, in a very punctual way, by the truck drivers’ strike in May), the first semester has shown a very active period for M&A transactions. There has been a window for relevant acquisitions (i.e. acquisition of Fibria by Suzano, Somos by Kroton and Eletropaulo by Enel), which also enhanced the transactions involving the middle market companies. The clean energy sector (wind and solar) has also shown relevant moves, not only among Brazilian companies (i.e. Vale and CEMIG) but also foreign, specially Canadians companies. Finally, the technology sector has concentrated most of the investments in the first semester of 2018.

TTR – The Brazilian market has been heavily influenced by issues such as instability and political uncertainties, which has brought on several consequences for companies. Is it possible to recognize changes in the way Brazilian companies are dealing with internal investigations and implementation of compliance and corporate governance programs? How have these changes impacted the Brazilian M&A market?

MK: It is certain that the effects of the Car Wash operation are notorious not only in the market but also at the companies’ culture. There has been a positive evolution in the way of doing business in Brazil as well as in the companies´ internal practices and conducts. As a result of that, we have seen a relevant increase in the assistance to our clients in the implementation of compliance and corporate governance programs, trainings, risk assessments, background checks of suppliers and service providers, as well as the conduct of internal investigations with legal implications in various jurisdictions. On top of that, the Chief Compliance Officer role has been taken to a higher level in terms of relevance. It is a no return way and the M&A market, not only in Brazil but worldwide, shall help disseminating this positive trend. The authorities expect that, especially in the USA (DOJ and SEC), that the acquisitions involving historical risk markets/countries shall help uncover corruption practices and, at the same time, disseminate compliance for a larger number of companies. It is worth noting that specific due diligence on anticorruption, with analysis of the general ledgers, risk assessment and interviews with executives and key employees of the target have become a recurrent demand from our clients, especially those that, for some reason, are subject to the FCPA.

 

TTR – KLA has advised a series of Venture Capital operations involving fintechs in 2018, such as the  investments in Volanty and Taki Payments. What are the main challenges of these operations in terms of legal advice?

MK: I believe the main challenges for the legal counsels are those related to the regulatory and operational aspects of the targets, which were identified during the due diligence. That includes the confirmation that targets are in compliance with all regulatory requirements (in terms of registrations, licenses and permits) and that they conduct their business properly, especially in relation to their employees and the taxes applicable to their operations. Also, it is important to review carefully the target´s IP rights. It is crucial that those IP rights are, in fact, owned by the targets, in order to avoid discussions and issues with former employees and third parties. In relation to the investment agreements, the main challenge is to negotiate the founders’ voting rights vis a vis the governance powers that are usually considered an essential right by the funds.

 

TTR – As GDPR, the General Data Protection Regulation, went into effect in the European Union, the Brazilian Congress approved the final version of the Brazilian General Data Protection Law (LGPD), which now needs to be sanctioned by the president. What impacts did GDPR have on the M&A market that can also be expected with the new legislation in Brazil? What are the risks that noncompliance with regulation can lead to in an M&A operation?

MK: The first major impact was understanding, effectively, how and in to what extent the GDPR affects the Brazilian companies. Basically, any company involved in storing, processing or sharing data of natural persons located in Europe, or that monitors their behavior (regardless of the nationality or residence) is subject to the GDPR. That is, for sure, a huge evolution in terms of protecting personal data and our LGPD is an example of that. It is also quite early to evaluate the impacts of the new regulation on the M&A market, however due diligence of companies subject to the GDPR shall include a detailed review of the target´s program for data collecting and storing, terms of use and private policy, as well as the post-acquisition shall ensure that those programs are effectively in force and are complied with in order to avoid penalties for infringements (under the GDPR, penalties range from 2% to 4% of the worldwide annual revenue or from 10 million to 20 million of Euros).

 

TTR – What are your expectations for the Brazilian M&A market in 2018? Which scenarios or trends can already be identified, and which sectors do you think have the greatest potential for growth by the end of the year?

MK:  Even though there has been a reduction on the number of transactions in comparison with the same period in 2017, as well as a reduction on the private equity transactions, the general expectation is that the M&A in Brazil will increase in 2018.

The technology market should continue to attract most of the investments. We could also suggest that there will be a consolidation of companies subject to the GDPR and the LGPD, as a result of the opportunities that may rise for the larger companies vis a vis the smaller companies, which may not have the financial resources to adjust their operations to the new regulation.

The clean energy market (wind and solar) shall also attract some transactions not only on the short, but mid and long terms, since the Brazilian wind potential is larger than the entire electric potential already installed. According to public information, in 2017 the wind energy production increased 19% in relation to 2016 and, in relation to 2017, it has represented 7.4% of the Brazilian energy market share. Over the next years, such market share shall reach 20%. The movement may also come from Eletrobras’ notice of sale of its interest in wind projects and transmission lines in September, as well as from new PPPs that shall attract private investors.

According to PwC, we can also expect some transaction in the food industry since prices are now attractive due to the Brazilian Real devaluation vis a vis the dollar. Finally, following Notredame Intermédica’s IPO, transactions within the health and life science sectors shall also be relevant.


Entrevista com Melissa Kanô, sócia da área de Direito Societário e Fusões & Aquisições do KLA – Koury Lopes Advogados

Segundo Melissa Kanô, o setor brasileiro de tecnologia deve continuar concentrando os investimentos, mas o setor de energia limpa também deve continuar em destaque até o fim do ano, atraindo “muitas operações ainda, tanto a curto como medio e longo prazos, já que, no mercado eólico, o nosso potencial é superior a todo o potencial elétrico já instalado”.  Leia a entrevista completa abaixo:

TTR – Fazendo um balanço do primeiro semestre de 2018, como avalia a performance do mercado brasileiro de M&A até o momento?

MK: Apesar de muitos acreditarem que em um ano com Copa do Mundo e eleições presidenciais o mercado de M&A pudesse ser afetado, vimos porém que, com a retomada da estabilidade econômica no Brasil (mesmo que afetada pontualmente pela greve dos caminhoneiros em maio), o primeiro semestre em termos de performance de M&A no mercado brasileiro foi bastante ativo. Tivemos uma janela de oportunidade para grandes aquisições (ex. aquisição da Fibria pela Suzano, da Somos pela Kroton e da Eletropaulo pela Enel) que acabou fomentando o mercado em operações de médio porte também. O mercado de energia limpa (eólica e solar) também mostrou grandes movimentos, não só entre as empresas nacionais (por ex. Vale e CEMIG), mas também estrangeiras, principalmente as canadenses. Por fim, o setor de tecnologia concentrou a maior parte dos investimentos no primeiro semestre de 2018.

TTR – O mercado brasileiro tem sido muito pautado por temas como instabilidade e incertezas políticas, o que trouxe uma série de consequências para as empresas nacionais. É possível reconhecer mudanças na forma como as empresas brasileiras estão lidando com investigações internas e implementação de programas de compliance e de governança corporativa? Como essas mudanças tem impactado o mercado brasileiro de M&A?

“…vimos um aumento significativo na atuação junto aos clientes para fins de implementação de programas de compliance e de governança corporativa”

MK: Sem dúvida, os efeitos da operação Lava Jato são evidentes não só no mercado como na cultura das empresas. Houve uma evolução positiva na forma de fazer negócios e também nas condutas internas das empresas. Com isso, vimos um aumento significativo na atuação junto aos clientes para fins de implementação de programas de compliance e de governança corporativa, treinamentos, análises de risco, background checks de fornecedores e prestadores de serviço, além de realizações de investigações internas com implicações jurídicas em múltiplas jurisdições. Além disso, verificamos uma valorização praticamente mundial do cargo de Chief Compliance Officer. É um caminho sem volta e o mercado de M&A, não só no Brasil, mas mundialmente, deve ajudar a disseminar essa tendência positiva. Há uma expectativa das autoridades, principalmente nos EUA (DOJ e SEC), de que as aquisições envolvendo mercados/países historicamente de risco ajudem a desmascarar práticas ilícitas e, ao mesmo tempo, disseminar práticas de compliance para um maior número de empresas. Vale ressaltar, ainda, que o due diligence específico de anticorrupção em M&A, com análise de livros contábeis, risk assessment e entrevistas com executivos e funcionários da empresa alvo, tornou-se um serviço muito procurado por nossos clientes, especialmente aqueles que por algum motivo estejam sujeitos ao FCPA.

TTR – O KLA tem participado de uma série de operações de Venture Capital que envolveram aportes em fintechs em 2018, tal como os investimentos na Volanty e na Taki Pagamentos. Quais são os principais desafios das operações desse setor em termos de assessoria jurídica?

MK: Acredito que os principais desafios dos assessores legais estão relacionados aos aspectos regulatórios e operacionais das targets, analisados durante a auditoria legal. Isso envolve confirmar que as investidas estão cumprindo os requisitos regulatórios (em termos de registros e licenças) e que operam de forma correta, principalmente no que se refere aos seus colaboradores/empregados e aos tributos aplicáveis nas suas operações. Uma outra análise que sempre deve ser feita refere-se à propriedade intelectual das investidas; é fundamental confirmar que a propriedade intelectual seja, efetivamente, de propriedade da investida para evitar discussões com antigos colaboradores ou com terceiros. Com relação aos contratos de investimento, o maior desafio é negociar os direitos de voto dos fundadores face aos poderes de governança que normalmente são considerados fundamentais pelos fundos.

TTR – Após a entrada em vigor do Regulamento Geral de Proteção de Dados da União Europeia (GDPR), o congresso brasileiro aprovou a versão final da Lei Geral de Proteção de Dados brasileira (LGPD), que agora depende da sanção presidencial para virar lei no país. Que impactos a GDPR causou no mercado de M&A que também podem ser esperados com a nova legislação no Brasil? Quais os riscos que o descumprimento da regulação pode trazer para uma operação de M&A?

MK: O primeiro grande impacto foi entender, efetivamente, como e qual a extensão dos efeitos da GDPR nas empresas brasileiras. Basicamente, qualquer empresa que armazene, processe ou compartilhe dados de pessoas naturais localizadas na Europa, ou que monitore o comportamento dessas pessoas (independentemente de nacionalidade ou residência) está sujeita à GDPR. É com certeza um grande avanço na proteção de informações individuais e a nossa LGPD é um exemplo disso. Ainda é cedo para avaliar os impactos da nova regulamentação no mercado de M&A, de toda forma a due diligence de empresas do mercado deverá englobar uma revisão mais detalhada dos programas de coleta e armazenamento de dados, dos termos de uso e política de privacidade, bem como o pós-aquisição deverá garantir que esses programas sejam efetivamente respeitados e cumpridos, de forma a evitar as penalidades (nos termos da GDPR, as multas são de 2% a 4% do faturamento global ou de 10 milhões a 20 milhões de euros).

 

TTR – Quais são suas expectativas para o mercado de M&A brasileiro em 2018? Quais cenários ou tendências já podem ser identificados, e quais setores possuem, na sua opinião, maior potencial de crescimento até o fim do ano?

MK:  Mesmo com uma redução no número de transações se comparado ao mesmo período em 2017, bem como uma diminuição nas operações de private equity, a expectativa é que, no geral, o mercado de M&A brasileiro cresça em 2018.

O setor de tecnologia deve continuar concentrando os investimentos. Podemos arriscar também uma tendência na consolidação de empresas sujeitas à GDPR e à LGPD, como resultado das oportunidades que se abrirão para as grandes empresas do setor vis a vis as empresas de menor porte, as quais dificilmente terão fôlego e capacidade para se adaptar à nova regulamentação.

“Podemos arriscar também uma tendência na consolidação de empresas sujeitas à GDPR e à LGPD”

O setor de energia limpa (eólica e solar) deve atrair muitas operações ainda, tanto a curto como medio e longo prazos, já que, no mercado eólico, o nosso potencial é superior a todo o potencial elétrico já instalado. Segundo dados, a produção de energia eólica em 2017 cresceu 19% em relação a 2016 e, em 2017, representou 7,4% do mercado de energia no Brasil. A tendência é que, nos próximos anos, essa representatividade atinja 20% do mercado de energia. O impulso pode vir também decorrente do anuncio da Eletrobras de venda de participações em parques eólicos e linhas de transmissão ainda em setembro, bem como de novas PPPs que deverão atrair investidores do setor privado.

Segundo a PwC, podemos apostar também no setor de alimentos, por conta dos preços atrativos em decorrência da desvalorização do real frente ao dólar. Por fim, com a abertura de capital da Notredame Intermédica, a movimentação no setor de saúde e life science também deve ser expressiva.

TTR Entrevista – William Smithson – SRS Advogados

Entrevista com William Smithson, sócio responsável pelo departamento Financeiro da SRS Advogados.

 

Segundo Smithson,  a diversificação dos investimentos em Portugal é um bom sinal para o setor de M&A no país.

William Smithson, sócio SRS Advogados. Leia a entrevista completa abaixo:

No primeiro semestre, O TTR registrou um aumento de 50% nas aquisições estrangeiras nos setores de Tecnologia e Internet e também um aumento de 40% nas operações de fundos de Private Equity e Venture Capital investindo em empresas portuguesas. Acredita que essas movimentações possam sinalizar uma maturidade do mercado tecnológico português?

Tendo por base o número de transacções relacionadas com o sector tecnológico que a SRS Advogados assessorou nos últimos 2 a 3 anos, acreditamos que o mercado tecnológico português é maduro, mas ao mesmo tempo continua a desenvolver-se e a revelar inúmeras oportunidade.

 

O senhor atuou em duas transações de muito destaque nas operações de investimentos estrangeiros em Portugal, a aquisição pela Velocidi, especialista em plataformas de dados de clientes, da Shiftforward, empresa portuguesa especializada em marketing tecnológico, e na ronda de financiamento de EUR 23m da Unbabel. Como essas transações refletem o atual cenário do ecossistema de startups português?

São indicadoras do crescente desenvolvimento e amadurecimento do setor das startups em Portugal. Neste contexto, nos últimos 2 anos, a SRS Advogados assessorou mais de 30 transacções de M&A, relacionadas com tecnologia em Portugal. A tecnologia é um segmento de importância significativa para a nossa Sociedade e, a título de exemplo, a SRS Advogados criou a 1ª incubadora numa sociedade de advogados no seu escritório em Lisboa. O STARTUP LAB by SRS Advogados é o primeiro acelerador de startups desenvolvido por uma sociedade de advogados portuguesa. Um projecto que foi implementado em conjunto com um grupo especializado de parceiros e mentores que prestam consultoria em diferentes áreas. O STARTUP LAB by SRS Advogados está focado essencialmente em startups nos segmentos de legaltech, fintech, insuretech, regtech e consultech.

 

Apesar do setor Imobiliário ainda ser a principal atração do mercado português, o ano também tem sido bastante favorável para os setores de Tecnologia, Financeiro e Turismo. Essa diversificação dos investimentos em Portugal pode ser vista como um bom sinal para o setor de M&A no país?

“Aumentar a diversidade é sempre bom. Estamos envolvidos em várias transações de ‘Investimento Directo Estrangeiro'”

Sem dúvida alguma. Aumentar a diversidade é sempre bom. Estamos envolvidos em várias transações de “Investimento Directo Estrangeiro”, principalmente com investidores da Ásia (através de nosso escritório de Singapura) e dos EUA. Contudo, isto não quer dizer que os investidores europeus deixaram de ser importantes.

 

Acredita que até o fim do ano possa ocorrer uma intensificação das operações de fusões e aquisições? Quais cenários ou tendências já podem ser identificados, e quais setores possuem, na sua opinião, maior potencial de crescimento?

Poderá não ser necessariamente uma intensificação, mas uma tendência na continuidade de crescimento do primeiro semestre.

Segmentos de crescimento serão provavelmente o bancário, cryptocurrency, hotéis/ turismo/lazer, energia (sector das renováveis), imobiliário e tecnologia.

 


TTR interviews William Smithson, Partner and Head of the Finance Department at SRS Advogados.

 

TTR – In the first semester of 2018, TTR recorded a 87% increase in foreign acquisitions in the Technology and Internet sectors and also a 70% increase in Private Equity and Venture Capital funds operations investing in Portuguese companies. Do you believe that these movements can signal a maturity of the Portuguese technological market?

Frankly given the number of tech related transactions in which we have been involved in the last 2 to 3 years there is a school of thought that in certain respects the Portuguese tech market is mature, but at the same time continues to develop.  

TTR – You acted as advisor in two very important transactions in foreign investment operations in Portugal, the acquisition by Velocidi, a specialist in client data platforms, of Shiftforward, a Portuguese company specialized in technological marketing, and in Unbabel’s EUR 23m funding round. How do these transactions reflect the current scenario of the Portuguese startups ecosystem?

Essentially indicative of the increasing development, maturing and coming of age of the Portuguese startup sector. In this context in the last 2 years, SRS has been involved in excess of 30 tech related M&A transactions in Portugal. Tech is a segment of significant importance to SRS Advogados and, by way of example, SRS has established STARTUP LAB by SRS Advogados which is an incubator within our Lisbon office.  STARTUP LAB by SRS Advogados is the first startup accelerator developed by a Portuguese law firm that has been implemented in conjunction with a specialised group of partners and mentors providing consultancy across a broad range of areas. STARTUP LAB by SRS Advogados is focused on startups in the segments of  legaltech, fintech, insuretech, regtech and consultech.

TTR – Although the Real Estate sector remains the main attraction of the Portuguese market, the year has also been very favorable for the Technology, Finance and Tourism sectors. This diversification of investments can be seen as a good sign for the M&A sector in Portugal?

“Increasing diversification is always good. We have been involved in several FDI transactions”

Undoubtedly. Increasing diversification is always good. We have been involved in several FDI transactions principally with investors from Asia (through our Singapore office) and USA. This is not to say that European investors ceased to be of importance.

TTR – Do you think that by the end of the year there could be an intensification of mergers and acquisitions? Which scenarios or trends can already be identified, and which sectors do you think have the greatest potential for growth?

Not necessarily an intensification but a continuation of the first half.

Growth segments likely to be banking, cryptocurrency, hotels / tourism / leisure, energy (renewable), real estate and tech

 

Tecnologia e Internet lideram o mercado transacional em 2016

TTR-Deal-Tracker

TTR Deal Tracker
www.TTRecord.com

BRASIL

 O TTR Deal Tracker Brasil é um email mensal que contém tendências do mercado transacional  brasileiro, além de incluir um ranking  Year to Date (YTD) dos principais assessores jurídicos e financeiros.


BRASIL: Tecnologia e Internet lideram o mercado transacional em 2016

O número de transações envolvendo empresas que atuam nos segmentos de Tecnologia e Internet foi destaque  entre janeiro e dezembro de 2016. O setor se consolidou como o mais ativo do ano, com um aumento de 17,4%, se comparado ao mesmo período de 2015, de acordo com os dados do TTR (www.TTRecord.com).

O ano de 2016 também foi marcado pela retração nestes setores de transações envolvendo a aquisição de empresas brasileiras por parte de estrangeiras. Foram 68 operações frente a 82 registradas em 2015.  Tal como ocorreu no ano anterior, as empresas estadunidenses foram as que mais investiram em negócios brasileiros em 2016.

Rankings / League Tables

Brasil Ranking – 2016

Assessoria Financeira – 2016
Por valor total de transações

O pódio do último ranking TTR de valor de 2016 se manteve no azul. Os três primeiros colocados apresentaram valores muito superiores aos líderes da tabela em 2015. O primeiro colocado, Banco Bradesco BBI, subiu cinco posições e alcançou crescimento de 154%, aproximadamente 61 milhões de dólares a mais que o ano anterior. Na sequência, o Banco Itaú BBA ficou em segundo lugar com o aumento de 21% e o Bank of America ganha destaque com 1118% de incremento.

O BTG Pactual manteve a mesma posição do ano anterior ainda que com redução de 36% no volume de 2016. A britânica J.P. Morgan Chase International Holdings reduziu em 25% o valor acumulado em transações. A Rothschild, em sexto, cresceu 12%.

O Banco Santander, que não figurava no ranking de 2015, conquistou o sétimo lugar mesmo com 15% de redução. As estadunidenses Morgan Stanley e Goldman Sachs também decresceram em 36% e 67%, respectivamente. Fecha a tabela a suíça UBS, que cresceu 218%.

Assessoria Financeira – 2016
Por número total de transações

Oito bancos e assessores financeiros fecharam o ano de 2016 com aumento no número de transações. Sob esta perspectiva, o mercado de M&A brasileiro conclui o período com retomada de crescimento e otimismo em relação a 2017.

O último ranking TTR de volume do ano é liderado pelo Banco Itaú BBA, que se manteve no topo mesmo com redução de 19% comparado a 2015. O segundo colocado, Banco Bradesco BBI, apresentou aumento de 75% em volume de um ano ao outro. Já o BTG Pactual desceu uma posição no pódio com a redução de 17%, mas fechou o período com a medalha de bronze e 24 transações.

O estadunidense Bank of America, que não estava no ranking de 2015, apresentou uma evolução de 220% e conquistou a quarta posição. Em quinto lugar, a Cypress Associates teve o maior crescimento do período, 450%. Na sequência, a Vinci Partners manteve a posição do ano anterior, com aumento de 11%. O BR Partners desceu duas colocações na tabela, mas manteve o número de transações.

A J.P. Morgan Chase International Holdings e o francês BNP Paribas não figuraram no ranking de 2015, mas com o crescimento de 75% e 100%, respectivamente, ganharam espaço na tabela de 2016. Em décimo lugar está a francesa Rothschild, que decresceu 17% e uma posição.

Assessoria Jurídica – 2016
Por valor total de transações

O escritório destaque em 2016 no ranking TTR de valores é Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroga Advogados, que encerrou o ano com um crescimento de 104% e duas posições acima em relação a 2015. Na sequência, Pinheiro Neto Advogados manteve a segunda posição conquistada também no ano anterior, entretanto com uma redução de 12%. Em terceiro lugar, o Veirano Advogados, que não estava no ranking de 2015, se destaca com crescimento de 584%.

Lefosse Advogados subiu duas posições na tabela com 72% de aumento no valor de suas transações. TozziniFreire Advogados apresentou o maior crescimento do ano 890%, e ficou com a quinta posição. Em sexto lugar está Souza, Cescon, Barrieu & Flesch Advogados com incremento de 20% e uma posição abaixo na tabela.

Os escritórios Barbosa, Müssnich, Aragão e Machado, Meyer, Sendacz e Opice Advogados apresentaram redução no valor de 35% e 74%, respectivamente. Em nono lugar, Pinheiro Guimarães Advogados registrou aumento de 200%, seguido de Demarest Advogados, que também cresceu 139% em relação a 2015.

Assessoria Jurídica – 2016
Por número total de transações

Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroga Advogados é também o líder 2016 do ranking TTR de volume de transações, com crescimento de 20%. Igualmente vice-campeão, Pinheiro Neto Advogados conquista a segunda posição com decréscimo de 9%. O terceiro colocado, Machado, Meyer, Sendacz e Opice Advogados registrou aumento de 16%. O pódio de 2016 contabilizou mais transações que os três primeiros colocados do ano passado.

Em quarto lugar está o escritório Souza, Cescon, Barrieu & Flesch Advogados com 14% de crescimento. TozziniFreire Advogados conquistou a quinta posição com 32% de aumento. Barbosa, Müssnich, Aragão, Veirano Advogados e Demarest Advogados baixaram uma colocação cada no ranking com redução de 18%, 23%, e 24% respectivamente.

A tabela volta a ficar positiva nas duas últimas colocações, que não figuravam entre os dez em 2015. Stocche, Forbes, Padis, Filizzola, Clapis, Passaro, Meyer e Refinetti Sociedade de Advogados apresentou crescimento de 28% e Lefosse Advogados, 60%.


* Os Rankings TTR deste report são elaborados com transações anunciadas e/ou concluídas em 2016 Year to date. Estão incluídas transações de investimento e desinvestimento de Private Equity / Venture Capital, compra/venda de ativos e formação de Joint Ventures. Os Rankings de assessores jurídicos do Brasil consideram apenas assessorias nas respectivas leis locais. Em todos os rankings são considerados apenas deals nos quais alguma empresa do respectivo país tenha sido target na transação.

Em caso de empate o critério de desempate é: empate por número de transações, se desempata com o valor total; empate por valor total, se desempata por número de transações. E quando exista um empate em número e valor, será mantida a mesma posição e a ordem será alfabética.

* * Leva-se em conta o mesmo período do ano (do começo de janeiro ao fim de dezembro) de 2015 para fazer as comparações dispostas acima.