Entrevista com Elysangela Rabelo do TozziniFreire Advogados

Veja todas as transações assessoradas por Elysangela Rabelo

Elysangela Rabelo, sócia do escritório TozziniFreire Advogados, conversou com a TTR sobre as perspectivas do mercado de Fusões e Aquisições no Brasil.

TTR: Como descreveria a performance do mercado brasileiro de M&A do início de 2017 até agora? Acredita que os números possam melhorar?

Elysangela Rabelo: No primeiro semestre de 2017, houve um aumento modesto no número de transações, mas um expressivo aumento dos valores envolvidos, em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Entendemos que esses números podem melhorar ainda mais até o final deste ano, principalmente em razão da relativa estabilidade política – haja vista a expectativa de que o Presidente fique até o final do seu mandato –  e da reforma trabalhista há muito esperada e que traz maior flexibilidade nas contratações e reduz consideravelmente o risco para investidores em certos setores da economia, como saúde, onde existem mais relações de trabalho (contratos) do que de emprego (CLT).

TTR: A senhora possui vasta experiência nos setores Alimentar, Farmacêuticos e Químico, que estiveram entre os mais ativos dos últimos 12 meses. Como vê as tendências e expectativas para esses setores nos próximos meses e em 2018? Até que ponto a instabilidade política brasileira tem influenciado os investimentos nessas indústrias?

ER: O setor de Ciências da Vida tem uma história de crescimento constante apesar de crises econômicas, tendo se beneficiado do fato de oferecer ao mercado produtos terapeuticos, allimentícios, de higiene, dentre outros, que estão, via de regra, na lista de prioridades de qualquer ser humano. Além disso, em um mundo que gasta em média 10% do produto interno bruto com saúde, esse setor sempre teve seu crescimento diretamente ligado ao aumento deesses gastos, de um lado influenciando nesse processo com o desenvolvimento de novas drogas e tratamentos e, de outro lado, se beneficiando do aumento da expectativa de vida de pacientes que, assim, poderão consumir mais dos seus produtos por mais tempo.

Contudo, os tempos mudaram e as grandes industrias estão se vendo pressionadas a mudar seus modelos de negócios e estratégias de crescimento para investir em áreas, produtos e serviços que sejam mais focados no paciente, na prevenção, diagnóstico precoce de doencas e cura.


Veja todas as transações assessoradas por Elysangela Rabelo


TTR: Em 2017, o setor de Saúde, Higiene e Estética foi, até julho, o mais ativo em transações de Private Equity, registrando um aumento de 40% em comparação ao mesmo período de 2016.  Quais são as condições do mercado hoje que favorecem ou explicam essas movimentações?

ER: Há algum tempo vem se desenhando um movimento de formação de grandes complexos na área da saúde, tanto na área hospitalar, quanto na área de diagnóstico e serviços de apoio. Acredito que esse movimento tem fomentado uma certa transformação no setor. Quando mais forte a concorrência, mais sofisticados e eficientes os demais players precisam se tornar para sobreviver.

O setor de saúde no Brasil conta com 6778 hospitais, 70% dos quais são privados, com um total de leitos de 494.097 (fonte CNES, jun/17), ou seja, uma média de 72,9 leitos por hospital e 2,38 leitos por 1000 habitantes, enquanto o número recomendado pela OMS é de 3 a 5 leitos por 1000 habitantes e países desenvolvidos como Japão e Alemanha contam com 13,7 e 8,2 leitos, respectivamente, por 1000 habitantes. Além disso, há mais de 100mil unidades de serviços complementares, incluindo laboratórios de diagnósticos, radiologia, ressonância, medicina nuclear, hemoterapia, tomografia e etc (fonte CNES, jun/17). Ou seja, há muito espaço para crescimento, inovação e melhorias na área de saúde e isso se vê por todos os lados. Seja nos grandes complexos hospitalares onde a busca por inovação tanto tecnológica como em processos é constante, ou nas startups de HealthTech dedicadas a encontrar soluções que não só vão facilitar a vida do paciente, concentrando e organizando dados de saúde, como também vão reduzir custos de operadoras e hospitais, além de proporcionar maior agilidade e eficiência ao atendimento assistencial.  

 

TTR: A queda da restrição ao capital estrangeiro mudou as perspectivas do setor. Como essa mudança é recente (2015), quais são os principais desafios que os processos de aquisições e fusões do setor enfrentam?

ER: Em razão da recente alteração da regulação de investimento estrangeiro na área de assitência à saúde, processos de fusões e aquisições são um tema relativamente novo para o setor. Com exceção das operações realizadas por grandes operadoras e importantes complexos hospitalares, a esmagadora maioria do setor não havia passado por processos complexos como de um M&A. Além disso, a maioria dos hospitais, clínicas, laboratórios e outros serviços de apoio são detidos por grupos de médicos ou até mesmo famílias. Naturalmente, a interlocução entre esses grupos e investidores profissionais, sejam eles fundos de private equity ou estratégicos, às vezes se mostra desafiadora. Discussões em torno de gestão e resultados, acordo a respeito do valor do ativo e questões de compliance tem sido constantes em processos de M&A nesse setor. Contar com assessorias financeiras e jurídicas experientes é fundamental para equilibrar as expectativas das partes envolvidas e alcançar o tão almejado fechamento do negócio.

TTR: A lista de ativos que atrai o interesse destes investidores inclui planos de saúde, laboratórios de diagnóstico, clínicas especializadas, além de hospitais. Acredita que setores auxiliares, como startups, investimentos em ativos imobiliários para clínicas e hospitais, por exemplo, também passarão a ter uma representatividade maior? Quais ativos podem se tornar alvos do mercado?

ER: Na minha opinião, a grande tendência é o desenvolvimento de tecnologias que tenham como foco o patient empowerment, a inovação na gestão de dados de saúde, bem como na prevenção e o monitoramento de doenças. O empoderamento do paciente é uma tendência no mundo e sem isso não vamos evoluir e tampouco atingir a eficiência de que tanto carece esse mercado. Nosso sistema de saúde e regulação precisam se adequar à essa realidade e, mais do que isso, os diversos players desse setor precisam se abrir para essa ideia e entender que a informação de saúde pertence ao paciente e não ao médico, hospital, laboratórios e operadoras. Acredito que no médio prazo essas serão as grandes áreas de investimento tanto para hospitais, operadoras e laboratórios.


Confira as transações e principais dealmakers do TozziniFreire Advogados

Brasil duplica número de transações no setor farmacêutico

TTR-Deal-Tracker

TTR Deal Tracker
www.TTRecord.com

BRASIL

 O TTR Deal Tracker Brasil é um email mensal que contém tendências do mercado transacional  brasileiro, além de incluir um ranking  Year to Date (YTD) dos principais assessores jurídicos e financeiros.

Intralinks® Deal Flow Predictor

Nossa previsão trimestral de tendências futuras no mercado global M&A
Previsão da atividade global de M&A durante o 2º trimestre de 2016

BRASIL: Duplica número de transações no setor farmacêutico

No período de janeiro a março de 2016 o número de transações envolvendo a aquisição de participação em empresas da indústria farmacêutica, apresentou um aumento de 117%  se comparado ao mesmo período de 2015, segundo os dados do TTR (www.TTRecord.com).

Além disso também foi registrado um aumento das aquisições de participações em empresas brasileiras por empresas estrangeiras neste setor, já que foram registradas 8 transações deste tipo em 2016 e 5 no mesmo período de 2015.

Rankings / League Tables

Brasil Ranking – 2016

Assessoria Financeira – Year to Date (YTD)

O Banco Itaú BBA lidera o ranking TTR de assessoria financeira, elaborado com base nos dados dos três primeiros meses de 2016, com sete mandatos de assessoria que juntos somam USD 1,3bi. O líder deste ranking também liderou o ranking do mesmo período do ano passado com 11 transações assessoradas que soman USD 4,2bi, representando uma redução de 36% no número de transações e 70% no valor agregado. O Banco BTG Pactual subiu da terceira posição para a segunda no ranking em relação ao ano passado, assessorando seis transações com valor total de USD 1,3bi frente as cinco com valor total de USD 7,6bi no ano anterior. O Banco Bradesco BBI desceu da segunda para a terceira posição no ranking, com três transações que somam USD 489m, comparadas com as cinco do ano anterior que somavam USD 9,1bi. A Ártica Investimentos, na quarta posição, também atuou como assessor em três transações neste primeiro trimestre do ano, neste caso os valores envolvidos não foram divulgados. No ano passado a Ática não esteve entre os 10 primeiros do ranking de assessoria financeira no primeiro trimestre de 2015, o mesmo ocorreu com a BR Partners, que no primeiro trimestre deste ano está na quinta posição do ranking com dois mandatos de assessoria que somam USD 951m. A Vinci Partners, na sexta posição, também atuou em duas transações neste primeiro trimestre de 2016, o que permitiu ganhar uma posição no ranking em relação ao mesmo período do ano passado. O valor total das transações assessoradas pela Vinci Partners aumentou em 1.187%, de USD 22m em 2015 para USD 277m no 1T2016. A Moelis & Company, em sétimo, também atuou em duas transações no Brasil no 1T2016 que soman USD 247m. O banco de investimentos norte-americano não esteve entre os 10 primeiros do ranking no 1T2015. O BAML, Banco de Portugal e Barclays Bank, em oitava, nona e décima posição, respectivamente, atuaram em uma transação cada um no Brasil neste primeiro trimestre de 2016, nenhum deles esteve entre os dez primeiros no ranking do primeiro trimestre de 2015.

Assessoria Jurídica – Year to Date (YTD)

O Souza Cescon Advogados lidera o ranking TTR de assessoria jurídica, elaborado com os dados do primeiro trimestre de 2016, com 15 mandatos de assessoria cujo valor total é de USD 2bi. O escritório líder do ranking aumentou em 36% o número de transações assessoradas em relação ao mesmo período do ano anterior, quando assessorou 11 transações cujo valor total foi de USD 3,6bi. O TozziniFreire está na segunda posição do ranking com 12 mandatos de assessoria que somam USD 322m, representando um aumento de 50% no número e um decréscimo de 44% no valor total registrado, USD 570m, nos três primeiros meses de 2015. O Pinheiro Neto Advogados subiu da sétima para a terceira posição no ranking no 1T2016, ao assessorar 10 transações que somam USD 1,5bi, valor 461% maior do que o registrado no mesmo período de 2015. O escritório Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroga Advogados desceu duas posições no ranking, tendo assessorado quatro transações a menos e um valor total de transações 92% inferior ao valor registrado em 1T2015 que foi de USD 7,8bi. O Stocche, Forbes, Padis, Filizzola, Clapis, Passaro, Meyer e Refinetti Sociedade de Advogados está na quinta posição do ranking com 10 mandatos de assessoria, depois de não haver estado entre os 10 primeiros do ranking em 1T2015. O escritório Machado, Meyer, Sendacz e Opice Advogados, foi o primeiro do ranking em 1T2015, porém neste 1T2016, desceu para a sexta posição, com uma redução de 47% no número de transações e 85% no valor total. O Lefosse Advogados, em sétimo, não esteve entre os 10 primeiros do ranking no ano passado. O Barbosa, Müssnich, Aragão desceu da quarta posição em 1T2015 para a oitava em 1T2016, com uma redução de 96% no valor total. O Derraik & Menezes Advogados está na nona posição com sete transações assessoradas e Lobo & de Rizzo com seis, nenhum dos dois escritórios esteve entre os 10 primeiros no ranking dos três primeiros meses de 2015.