BRASIL: FUSÕES E AQUISIÇÕES SOMAM R$111 BILHÕES EM 2017

  • Brasil registra 14 transações outbound, com destaque para aquisições nos EUA e na Turquia
  • Número de transações no segmento Mídia, Multimídia e Editorial cresce 150% em 2017
  • 24 operações revelam valores que somam R$ 29,8bi, um aumento de 144%
Insight TTR

O número de transações envolvendo empresas que atuam no segmento de Mídia, Multimídia e Editorial registrou aumento de 150% de janeiro a abril de 2017, na comparação com o mesmo período de 2016. Foi destaque neste período a aquisição de 51% da empresa Porta dos Fundos realizada pela Viacom, dona dos canais MTV e Nickelodeon.

Porta dos Fundos é o canal do YouTube mais influente do mundo, de acordo com o ranking Zefr, e conta com mais de 13 milhões de inscritos. A empresa possui uma linha de produtos licenciados, aplicativos, games, séries de TV e filme.

 

 

O mercado de fusões e aquisições brasileiro registrou em abril 73 transações, uma queda de 14% na comparação com o mesmo mês de 2016. Entretanto, o saldo de 2017 permanece positivo, segundo o Relatório da Transactional Track Record* em colaboração com LexisNexis e TozziniFreire Advogados, já que os quatro primeiros meses do ano contabilizam 342 operações, um aumento de quase 5%.

As 24 operações que revelaram valores somam R$ 29,8bi, crescimento expressivo de 144%. O valor total de 2017 subiu 223% e fecha o quadrimestre em R$ 111,7bi. Do volume mensal, sete são consideradas grandes transações – com valores acima de R$ 500m – e juntas somam R$ 28bi. As 16 pequenas operações – valores inferiores a R$ 200m – somam R$ 661m.

O subsetor mais ativo dos quatro primeiros meses do ano continua sendo o de Tecnologia, com 59 operações, 13% a menos que o mesmo período do ano de 2016. Na sequência estão os subsetores Financeiro e Seguros (48) e Internet (39).

Cross-border

No acumulado do ano foram registradas 75 aquisições cross-border inbound. Os Estados Unidos continuam sendo o país que mais se destaca em volume, com a aquisição de 27 negócios de janeiro a abril, um aumento de 17% em relação ao ano passado. Na sequência está a França (7) e a Alemanha (6). A China se destaca em valor de operações, tendo acumulado R$ 17,8bi ao longo deste ano com cinco aquisições. Os subsetores mais ativos são o de Consultoria, Auditoria e Engenharia e Tecnologia, cada um com 10 operações.

Nos quatro primeiros meses do ano foram registradas 14 operações outbound, ou seja, empresas brasileiras comprando estrangeiras. Neste sentido, o Brasil tem feito o maior número de aquisições nos EUA, entretanto o maior investimento foi feito na Turquia, com a compra da produtora de aves Banvit pela BRF e Qatar Investment Authority no valor de R$ 1bi.

Private Equity e Venture Capital

No mês de abril foram registradas seis operações de private equity, mesmo volume do ano anterior. Duas revelaram valores que somam R$ 553m, um encolhimento de 27%. O subsetor que mais se destaca é o Imobiliário com o registro de três transações e crescimento de 50%. O subsetor de Distribuição e Retail manteve o número de operações do ano passado (3).

No cenário de venture capital, foram contabilizadas 21 transações, um aumento de 24% em relação ao mesmo período de 2016. Destas, apenas quatro revelaram valores que somam R$ 22m. O subsetor mais movimentado também foi o de Tecnologia, com o registro de 31 operações no acumulado do ano. A empresa que mais se destacou no período foi a Bossa Nova, que só nos quatro primeiros meses de 2017 anunciou 17 investimentos.

Transação do mês

 

A GTM do Brasil, empresa dedicada à distribuição de produtos químicos detida pela GTM Holdings, adquiriu 100% do capital social da quantiQ, empresa brasileira do mesmo ramo detida pela Braskem. O valor da transação é de R$ 550m, dos quais R$ 450m serão pagos na conclusão da venda e o restante em até 12 meses. A operação foi aprovada sem restrições pelo Conselho Administrativo de Desefa Econômica (CADE).

A quantiQ é uma distribuidora de produtos químicos com quatro centros de distribuição e sete bases logísticas. Atua em mais de 50 segmentos de mercado, incluindo commodities e especialidades químicas.

A GTM distribui produtos químicos na América Latina e possui operações no Brasil, México, Guatemala, El Salvador, Honduras, Nicarágua, Costa Rica, Panamá, Colômbia, Equador, Peru e Argentina. A empresa é controlada pela Advent International, um fundo investidor global de private equity.

Nesta transação, o vendedor Braskem contou com a assessoria financeira do Banco Bradesco BBI e jurídica do escritório Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. E Quiroga Advogados. Já a Advent International foi assessorada pelo Banco Itaú BBA e pelo escritório Lobo & de Rizzo Advogados.

Rankings – Assessoria Financeira & Jurídica

O pódio do ranking TTR de assessores financeiros por valores das transações é liderado pelo Banco Bradesco BBI, que acumulou em 2017 o valor de R$ 8,9bi. O destaque deve-se à assessoria aos compradores na incorporação da Valepar pela Vale do Rio Doce. Com uma pequena diferença, a Morgan Stanley (R$ 8,1bi) fica em segundo lugar no ranking e, na sequência, o terceiro colocado é o Banco Itaú BBA (R$ 5,1bi) – que lidera por número de operações.

O ranking de assessores jurídicos por valor é liderado por TozziniFreire Advogados (R$ 8,7bi), que apresentou um crescimento de mais de 1000% em relação ao mesmo período do ano passado. Com pequena diferença de valor estão em segundo e terceiro lugar, os escritórios Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. E Quiroga Advogados (R$ 8,155bi) e Demarest Advogados (R$ 8,154bi). Já por volume de operações, o líder é o escritório Machado, Meyer, Sendacz e Opice Advogados com 15 negócios.

Confira o ranking TTR de assessores Financeiros e Jurídicos (year to date) no relatório mensal.

TTR Dealmaker Q&A com Felipe Creazzo, sócio do escritório K&L Gates

Em março deste ano a Arvato Bertelsmann, empresa sediada em Guetersloh, Alemanha, aumentou sua participação na brasileira Intervalor para 81,5%, após sua aquisição inicial de 40% em junho de 2015. O sócio da K&L Gates, Felipe Creazzo, liderou uma equipe internacional na assessoria ao comprador. Confira a entrevista em inglês.

 

TTR in the Press

INVESTIMENTOS E NOTÍCIAS – “Fusões e aquisições já somam R$ 111 bilhões em 2017”

MONITOR DIGITAL – “Fusões e aquisições somam R$ 111 bilhões nos quatro meses de 2017”

Relatório Completo

TTR Dealmaker Q&A with Felipe Creazzo – K&L Gates

Felipe Creazzo

Partner at
K&L Gates


Arvato Bertelsmann takes controlling stake in Intervalor

On 29 March, Guetersloh, Germany-based Arvato Bertelsmann increased its equity interest in São Paulo-based credit collections firm Intervalor to 81.5% following its initial 40% acquisition in June 2015. K&L Gates Partner Felipe Creazzo led the international legal team advising the buyer after having advised in the prior transaction.

Q: How did K&L Gates land the mandate to advise Arvato Bertelsmann?

A: I advised it on its initial 40% stake acquisition in 2015. It was a natural choice for the client to rely again on me at K&L Gates for the follow-on deal in view of my experience with the structure, with several of the commercial and business aspects related to the acquisition and with internal policies that needed to be reflected on the transaction documents. These aspects streamlined the transaction and made it more cost efficient. Needless to say, a local firm was needed to carry out local due diligence and make sure all the commercial aspects were properly reflected on the documents and complied with local law. Lobo & de Rizzo, the firm I was previously a partner with, which was involved in the first deal, was the appropriate choice. While I’ve left Lobo & de Rizzo Advogados, I have good friends there, very fine and seasoned M&A lawyers among them, and look forward to other opportunities to work together.

Q: How did the fact that you’d worked with this client shape your approach in this most recent transaction?

A: Although my Brazilian admission is properly suspended with the Brazilian Bar as I practice foreign law only, the client greatly benefited from my broader perspective of the transaction as a dual-admitted lawyer. My coordination of the local firm’s involvement ensured that all local law compliance was in place on an optimized and cost efficient manner. Since I’ve been on both sides, I can work with local firms effectively and also become a direct channel of information to the client with respect to many of the local law aspects that would normally take time to be digested. In an international capacity, it’s easier for me to reflect the clients’ business needs into the agreement.

Q: To what extent did Brazil’s current recession play a role in the timing of this deal?

A: Intervalor is a financial services provider in Brazil and one of its core activities is collection services. It’s an active moment for that type of industry in Brazil. Also, there’s a part of the business that includes the promotion of credit products that can be expected to recover significantly in the near future. This transaction was not based on a short-term perspective for Arvato Bertelsmann. It was generally a good moment to invest and to benefit from both still low prices and a more beneficial currency exchange rate.

Q: To what extent is the follow-on deal a reflection of achieving pre-established benchmarks?

A: The follow-on acquisition was the result of convenience and negotiation, but there were in fact opportunities for changing shareholding percentages that could materialize sooner or later based on the terms of the prior agreement. For this deal, it all came together as a result of friendly conversations among the shareholders. Everyone was happy with the progress made since the initial entry, and there was a lot of synergy and systems were being successfully integrated. There’s already a new face to the company. Becoming part of an international group is going to be beneficial to every stakeholder, from management to employees to shareholders. There’s an enormous positive vibration to this deal.

Q: Why was Intervalor the right stepping-stone into Latin America?

A: Brazil is not for the weak of heart, it’s a tough market to crack. Doing business here, by far the largest economy in Latin America, provides any foreign investor with useful tools not only to do business here, but also to succeed in other Latin American markets. It doesn’t necessarily mean that if something works here it will work in Chile or Argentina, but it does help starting with Brazil. The size of the market here in Brazil, as compared to other Latin American markets, was also an important factor.

Q: What made this deal stand out among other M&A transactions you’ve advised on?

A: It was a particularly complex deal. In terms of legal documentation, there was a prior acquisition arrangement in effect that had to subsist. Matching this new acquisition in 2017 with the previous one was hard work from a legal perspective, in every aspect of the transaction documents.